terça-feira, 23 de junho de 2015

Dramas da Obsessão - Primeira Parte - Capítulo V

Yvonne do Amaral Pereira
Ditado pelo Espirito de Adolfo Bezerra de Menezes

Os métodos para a catequese de obsessores são variados, dependendo de circunstâncias especiais, que se subdividem entre a natureza do caráter de cada um, a especialidade do catequista e múltiplas modalidades do momento. 
A própria reencarnação é um dos recursos aplicados, pois existem obsessores tolhidos numa reencarnação para a experiência da catequese, quando, então, todas as facilidades para um aprendizado eficaz das leis do Amor e da Fraternidade lhes serão apresentadas. 
Muitos, só mais tarde, em encarnações posteriores, estarão em fase de reparações e resgates. Fora necessário, primeiramente, conceder a esses infelizes trânsfugas do dever possibilidades de sofrer, posteriormente, a consequência dos seus atos maus, amparados pela resignação, pela esperança e o desejo de emenda, a fim de que o seu calvário não se tornasse demasiadamente angustioso e, portanto, contraproducente... pois assim rezam as leis do Amor e da Caridade, a que tais trabalhos se subordinam. Trata-se, como vemos, de tarefas penosas, complexas, que requerem firmeza de vontade, coragem moral e muito amor à causa por parte da entidade instrutora operante, seja desencarnada ou encarnada.

As leis da Fraternidade, pelas quais se conduzem os obreiros do mundo espiritual, estabelecem assistência incansável ao obsessor, no intuito de convencê-lo à reforma de si mesmo. Jamais o violentam, porém, a essa meritória atitude, quando o compreendem ainda não preparado pela ação fecunda dos remorsos.
Existem obsessões baseadas no ódio e no desejo irrefreável de vinganças, insolúveis numa só etapa reencarnatória, as quais serão incomodativas, desesperadoras, podendo levar séculos exercendo o seu jugo sobre a vítima, estendendo-o mesmo à vida no Invisível e invertendo o domínio da possessão em existências subsequentes, até que os sofrimentos excessivos, provenientes de tão ardentes lutas, bem assim a reflexão e o desejo de emenda, obriguem os litigantes à renúncia do passado pela abnegação do porvir, o que os fará reencarnar unidos pelos laços de parentesco muito próximo — constantemente como irmãos consanguíneos e até como pais e filhos e mesmo cônjuges — a fim de que mutuamente se perdoem e se habituem a um convívio pessoal, a uma junção familiar persistente, que, conquanto se apresente como provação e não raro como expiação, acaba por estabelecer vínculos de afetividade, indestrutíveis em suas almas, desaparecidas, então, completamente, as antigas animosidades.
Existem, outrossim, as paradoxais obsessões por amor. Exercem estas, algumas vezes, perseguições igualmente seculares, quando uma das duas partes interessadas perjurou, falindo nos deveres de fidelidade. Tão cruéis e execráveis se apresentam esses tipos de obsessão por amor ferido e despeitado, quanto o são os motivados pelo ódio, e então grandes dramas, dignos de estudo e comentários, se verificam nas sociedades terrena e espiritual, através de situações agitadas, infelizes, que somente o amor de Deus suavizará. E até obsessões sexuais, quando o atuante invisível, que tanto poderá ser um Espírito denominado “masculino” como um denominado “feminino”, dominar um homem como uma mulher, — valendo-se das tendências dos caracteres inclinados aos arrastamentos primitivos, às complexidades do sexo, — induzi-la-á a quedas deploráveis perante si mesma, o próximo e a sociedade, tais como o adultério, a prostituição, a desonra irreparável, pelo simples prazer de, através das vibrações materializadas da sua presa, que lhe concede clima vibratório propício, dar livre curso a apetites inferiores dos quais abusou no estado humano e os quais, degradantemente, conserva como desencarnado, em vista da inferioridade de princípios que gostosamente retém consigo, o que lhe estimula a mente, inibindo-a do desejo de progresso e iluminação espiritual. Geralmente exercida tão só através da telepatia ou da sugestão mental, é bem certo que o obsessor estabelece uma oculta infiltração vibratória perniciosa, sobre o sistema nervoso do obsidiado, contaminando-lhe a mente, o períspirito, os pensamentos, até ao completo domínio das ações. Tais casos se apresentam dificilmente curáveis, não somente por aprazerem às vítimas conservá-los, como por ser ignorada de todos essa mesma infiltração estranha, e mais particularmente porque o tratamento seria antes moral, com a reeducação mental do enfermo através de princípios elevados, que lhe faltaram, não raro, desde a infância.

Refutará o leitor, lembrando que, assim sendo, ninguém terá responsabilidades nos erros que sob tais influências cometer.

Acrescentaremos que a responsabilidade permanecera também com o próprio obsidiado, visto que não só não houve a verdadeira alteração mental como também nenhum homem ou mulher será jamais influenciado ou obsidiado por entidades dessa categoria, se a estas não oferecer campo mental propício à penetração do mal, pois a obsessão, de qualquer natureza, nada mais é que duas forças simpáticas que se chocam e se conjugam numa permuta de afinidades.

Prosseguindo, lembraremos ainda certas obsessões de que tratam os Evangelhos, as quais tornam o obsidiado surdo e mudo, geralmente desde o nascimento ou a infância; e muitas vezes, quando passais por um desses infelizes na via pública, longe estareis de compreender que vos encontrais diante de um doente psíquico e não propriamente físico, de um obsidiado, que vem sendo atormentado desde o estágio do Invisível, durante a desencarnação, e cujas consciências e vibrações, acometidas de mil prejuízos daí originados, somente conseguiram modelar para sua reencarnação expiatória um feto — ou corpo — apropriado ao seu demérito consciencial. 
Casos há curáveis, neste exemplo, com a retirada dos algozes, consoante a prática o tem demonstrado. A maioria, no entanto, não será curável, uma vez que aí se enquadrarão também os delatores, os caluniadores do passado, grandes intrigantes, maldizentes e blasfemos, aqueles que abusaram do dom da palavra para desabonarem o próximo, torturar os corações, escandalizar a sociedade em que viveram. Aqueles a quem destarte feriram, incapazes da magnificência do perdão, tornados inimigos poderosos, rodeiam-nos com represálias terríveis desde antes da reencarnação, perseguindo-os, muitas vezes, durante etapas longas, mesmo durante séculos. E a lei da Criação assim o permite para que as criaturas, à custa da própria experiência, aprendam a considerar as leis do Dever e da Justiça, únicas que lhes concederão situação digna no seio das sociedades em que viverem.

— “A cada um segundo as próprias obras” — eis a sentença, ou lei, exposta por Jesus, que previne contra infrações tais.

Não obstante, nem sempre os obsessores serão entidades absolutamente más. Muitas serão, ao invés, grandes sofredoras, almas tristes e doloridas, feridas, no pretérito de existências tumultuosas, pela ingratidão e a maldade desses que agora são as suas vítimas, capazes de grandes atitudes afetivas para outrem que não o seu inimigo a quem obsidiam, e não raro também foram homens intelectualmente esclarecidos na sociedade terrena, mas a quem escasseou a sublime moral da fraternidade evangélica. Não deixaremos de lembrar ainda aqueles que são “mandados” por outrem a obsidiar alguém, por antipatias, despeito ou mesmo ódio, ordem que também poderá ser expedida por um desafeto encarnado, durante o sono corporal. Tais perseguidores agem em torno das suas presas obedecendo, portanto, a ordens de terceiros, sem que a menor animosidade os impelisse ao ato, senão a obediência a uma entidade terrena ou invisível, a quem renderão homenagens e por quem nutrirão consideração. Serão, então, como uma variante daqueles assalariados terrenos, que, por uma paga, cometeriam qualquer espécie de vileza contra um estranho, de quem nenhuma queixa teriam. A invigilância, o desajuste mental do obsidiado, na sua vida cotidiana, darão ensejos a tal possibilidade, apresentando-se esse caso, então, como consequência lógica da sua incúria no cumprimento dos deveres e não como inevitáveis resgates ou expiações de vidas pretéritas.

Não esqueçamos daquelas que têm origem no pensamento de atração da própria vítima, cuja atitude mental reteve junto de si o Espírito de um inimigo ou um rival, de um desafeto ou de um ser querido, os quais, jungidos às suas ondas de atração, de tal sorte se adaptam a elas que terminam por infelicitá-las com sua presença permanente, pois que tais entidades não estarão, absolutamente, em condições de beneficiar alguém com as próprias irradiações.

Geralmente curáveis através da prece, da meditação sadia e de uma doutrinação elevada e amorosa, tais obsessões, que melhor qualificaremos de “atuação” ou “assédio”, uma vez combatidas trazem a particularidade de beneficiar melhor o obsessor do que o próprio obsidiado. Este atrairá, fatalmente, novas atuações das sombras, dado que se não dedique decididamente à prática do bem para a renovação dos próprios valores morais, enquanto aquele, pertencendo a classe humílima do Invisível, grandemente sofredor quase sempre, e ignorante de princípios redentores, ferido por injustiças e menosprezo da sociedade terrena em que viveu, será encaminhado a um reajustamento conveniente (comumente esse reajustamento será efetivado através da reencarnação), desde que demonstre desejo sincero de emenda, sendo ele mais infeliz e ignorante, conforme acima asseveramos, do que mesmo mau.

A todos esses desarmonizados das leis da Fraternidade deverão os servos do Senhor — encarnados e desencarnados — esclarecer ou proteger com dedicações incansáveis, paciência infatigável, desprendimento e desinteresse, visando não somente a méritos para si próprios, mas, acima de tudo, ao cumprimento de sagrados deveres diante do Todo Poderoso, que estabeleceu a justiça do auxílio do mais forte ao mais fraco, do esclarecido ao ignorante, segundo rezam os dispositivos da lei de amor ao próximo como a si mesmo.

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