segunda-feira, 22 de junho de 2015

Dramas da Obsessão - Primeira Parte - Capítulo IV

Yvonne do Amaral Pereira
Ditado pelo Espirito de Adolfo Bezerra de Menezes


Geralmente, a caça a obsessores mui trevosos é levada a efeito por entidades espirituais pouco evolvidas, conquanto já regeneradas pela dor dos remorsos e pela experiência dos resgates, ansiosas pela obtenção de ações meritórias com que adornem a própria consciência, ainda tarjada pela repercussão dos deméritos passados (1). 
Efetuam-na, porém, invariavelmente, sob direção de entidades instrutoras mais elevadas, subordinadas todas a leis rígidas, invariáveis, as quais serão irrestritamente observadas. Essas leis são, como bem se perceberá, as normas divinas do Amor, da Fraternidade e da Caridade, que obrigarão os obreiros em ação às mais patéticas e desvanecedoras atitudes de renúncia e abnegação, a fim de que não deixem jamais de aplicá-las, sejam quais forem as circunstâncias. Muitos desses operadores possuem método próprio de agir e os instrutores responsáveis pelo trabalho deixam-nos à vontade dentro do critério das leis vigentes, tal como a equipe de professores que ensinassem letras, ciências, etc., mantendo cada um o seu próprio método, embora observando todas as leis da pedagogia ou do critério particular de cada matéria.

O meu jovem assistente era entidade amável e humanitária, que fora médico abnegado em sua última peregrinação terrena, e portadora de fina educação social, visto que pertencera a uma estirpe de nobres europeus. 
Como Espírito não se especializara propriamente em casos de obsessão. Especializara-se, todavia, em casos pertinentes ao suicídio, como resgate, ou reparação, de um passado em que igualmente se arrojara a tão nefasto abismo, razão pela qual o víamos agora envolvido no caso de Leonel. De outro modo, tão amorável e atraente se mostrava essa entidade, tão cativante a sua simpatia pessoal que frequentemente eram requisitados os seus serviços, pelos tutelares do Invisível, para missões de catequese entre Espíritos em geral e também entre obsessores, os quais mais ou menos o acatavam, dispondo-se às suas advertências conselheiras. 
Todavia, nem sempre a irradiante bondade desse jovem seria suficiente para deter os arremessos do ódio obsessor. Necessárias se tornariam, por vezes, medidas outras, incompatíveis com a doçura do seu caráter. 
Então dispúnhamos de individualidades da categoria de Peri, a qual, bondosa e incapaz de arbitrariedades, exercia a energia militar sempre que necessário como antigo chefe de hordas guerreiras da Arábia, que fora em existência remota e, mais tarde, como cacique da tribo dos Tamoios (2). 
Acresce a circunstância de que as entidades obsessoras tão materializadas permanecem dentro da própria inferioridade de princípios, tão vinculadas ao mal se deixam ficar que, a fim de servi-las, auxiliando-as a se deterem no declive em que resvalam, nos obrigaremos a desempenhos assistenciais igualmente materializados, assaz grosseiros para um Espírito. Tratar com tais vultos será como tratar com homens rudes, inferiores de caráter, embaraçados no apoucamento das paixões e dos preconceitos.

Peri era especializado em tarefas tais e possuía métodos particulares, os quais aplicava com eficiência, sempre que necessário. Trazia às suas ordens pequeno pelotão de auxiliares, que, obedecendo-lhe fielmente, tais os milicianos ao seu general, junto dele desempenhavam concurso valioso de proteção ao próximo, enquanto, assim agindo em defesa dos mais fracos, reparavam deslizes graves de um passado reencarnatório remoto, como explicámos para trás.

Dadas que foram ao meu assistente recomendações convenientes, retirei-me para a Espiritualidade, a fim de melhor me orientar sobre as atitudes a tentar em benefício das personagens desse drama que se me afigurava profundo.

***

(1) Os médiuns bastante dedicados à Causa, e cujas experimentadas forças morais e psíquicas lograrem possibilidades, igualmente prestam tais serviços, durante o sono noturno, que os instrutores espirituais tratam de aprofundar quanto possível.

(2) O nome Peri encobre individualidade espiritual Indígena, que não desejamos identificar, já reencarnada. Sua existência nas matas brasileiras traduz estágio de repouso e esconderijo necessária para se furtar às continuadas perseguições obsessoras que, como antigo chefe de tribos árabes guerreiras, adquirira com as atrocidades praticadas. Não seria, portanto Espírito primitivo, como também acontecia com muitos outros índios brasileiros e escravos africanos no Brasil.


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